terça-feira, 5 de junho de 2012

Reformas inconvenientes

Unidade 724, primeira unidade reformada: 
Problemas recorrentes, fruto de reforma mal-conduzida. 

A Supervia promete que irá reformar 73 trens. Para isso, contrata a T'Trans e a MPE para execução dos trabalhos nas Séries 700 e 500. O tempo previsto de reforma para os mesmos, segundo a própria Supervia, é de 6 meses, para que não haja um grande déficit de frota e para que os passageiros tenham mais rapidamente essas unidades equipadas com AC em serviço.Todos esperam a execução de trabalhos semelhantes aos feitos pela Alstom e IESA nas 18 unidades reformadas com ar-condicionado, bancadas pelo Governo do Estado. 


 Aviso no 724: melhor representação da vergonhosa reforma dessas unidades.


Até aí nada demais, até a chegada dos primeiros. Um trabalho rápido e mal-feito, para não dizer decepcionante.A T'Trans pecou demais na reforma dos mesmos, e a Supervia também, por ter requisitado isso tudo na reforma dos mesmos e assim ter comandado uma "modernização parcial"(como diz a T'Trans).Eis o porquê.

Modernização?

Nos 700, tudo mudou. Um grande "duto" foi feito no lugar que era ocupado pelos ventiladores, no entanto a distribuição da ventilação é desigual, só nas extremidades dos carros a refrigeração é sentida, demonstrando determinada falta de planejamento no projeto desses dutos. Alguns revestimentos repintados, não me surpreendeu muito se for levar em conta que o material usado na revitalização feita pela Alstom em 2001 ainda estava em boas condições. 



Interior do 700 reformado: Pequenos detalhes fizeram a diferença. Janelas seladas melhorariam bastante o aspecto da unidade.



As janelas "guilhotina" foram mantidas e seladas, sendo que 4 janelas por carro foram mantidas com a possibilidade de abertura em caso de falha do ar-condicionado. E recorrentemente elas são abertas. Fora isso, as janelas de policarbonato escurecidas caíram mal, apesar da boa proposta de minimizar os raios solares na unidade. Ele não preza pela iluminação natural do dia, e sendo de tamanho diminuto, obrigam que a iluminação do salão de passageiros esteja sempre ligada. Além disso, ele proporciona um efeito "interessante": A quem vai embarcar de dia, não consegue-se ver como o trem está por dentro, já quem está dentro do trem consegue ver o lado de fora. Já a noite, o efeito contrário: quem vai embarcar consegue ver como o trem está por dentro, já quem está dentro do trem não consegue ver nada do lado de fora. 



Janelas: Possibilidade de abertura, algo até então inimaginável em um trem "com ar-condicionado". 
Escurecidos, criam problemas aos usuários e limitam possibilidade da iluminação natural nas unidades.



Uma nova máscara foi colocada, mas em cima da máscara original do mesmo. O para brisa "panorâmico" acaba por ressaltar as três janelas que faziam parte da máscara original, mostrando que, para o condutor, nada muda com relação aos 700 existentes, inclusive nos comandos de condução, sendo mantida toda a base do que já tinha sido feito pela Alstom. A nova máscara inspirada no design dos trens coreanos, no entanto, tem sua beleza. 


Inspirada nos coreanos, a nova máscara é uma iniciativa de melhorar a máscara frontal das unidades.



A grande reclamação é com relação ao ar-condicionado: A Supervia instalou equipamentos de ar-condicionado comumente utilizados em ônibus!! Apesar de serem duas unidades por carro, é óbvia e bem percebida pelos usuários a ineficiência dos mesmos, apesar de serem os mais potentes equipamentos da empresa Spheros(A ficha técnica dos mesmos estará no final deste post). Tais equipamentos são ineficientes em horários de rush, principalmente em comparação aos equipamentos utilizados nos novos trens chineses, coreanos e 18 reformados do Governo do Estado. A sua refrigeração é somente eficiente em horários de menor movimento, em ramais como Belford Roxo e os serviços paradores do Deodoro e Bangu, onde a lotação é normalmente composta por passageiros sentados, algo em torno de 50 a 65, e contando com eventuais passageiros em pé, gira em torno de 70 a 80 passageiros/carro. 

Equipamento de ar-condicionado utilizado em ônibus e colocado nas reformas dos trens da Supervia: 
"Solução" que se transforma em problema. 

Sobre o equipamento de ar-condicionado: Claro que é possível a intervenção para colocação de um equipamento mais potente e semelhante ao que já é utilizado nos 700 reformados da Alstom, que também tem a vantagem de reduzir custos e padronizar a manutenção. A colocação de janelas seladas é a coisa mais simples a se fazer, e com certeza melhoraria a estética da unidade. A Supervia se ateve mais a estética do que a funcionalidade e boa operação da unidade, no entanto cometeu erros imperdoáveis nos dois quesitos.Fica evidente a redução dos custos de reforma para a escolha destas características. Além disso, as unidades até agora reformadas já apresentaram vários problemas, desde elétricos a comuns problemas com o ar-condicionado. Resta saber apenas se a Supervia vai corrigir esses erros e se está disposta a corrigí-los. 

A luz azul indica avaria ou problema no equipamento de ar-condicionado, nas unidades reformadas da T'Trans. Precisa dizer mais alguma coisa?

Há também a reforma dos 500: feita pela MPE, seguiu os mesmos passos dos 700, com a colocação de equipamentos de ar-condicionado semelhantes a ônibus, e janelas originais seladas. Como ele ainda opera pouco e eu particularmente não fiz viagens nele até agora, me recuso a dizer alguma coisa sobre os mesmos, para evitar conclusões precipitadas. Por isso, eles serão assunto de posts futuros. Ainda há a esperança de que isso não se repita nos 900, e que se faça uma reforma de verdade daqui em diante nas unidades restantes. Encerro com a ficha técnica do aparelho de ar-condicionado instalado nos 700. Até breve.

Aerosphere Tropical 350/Ficha Técnica

Capacidade Máxima: 135.000 BTU/h (40 KW) 2 equipamentos/carro.
Volume de Ar do Evaporador: 6.300 m³/h
Gás Refrigerante: R 134a
Dimensões (C x L x A mm): 2.880x1.920x220
Peso Aproximado: 198 kg
Compressor (modelo/capacidade): Bitzer 4NFCY / 647 cm³
Peso do compressor com polia: 48 kg



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