domingo, 8 de julho de 2012

Tamanho não é documento



A Supervia tem problemas bem conhecidos(ou não) dos usuários. Talvez o maior deles seja a lotação excessiva no horário de rush, auxiliada por partidas atrasadas e frota deficitária. Atrás do Japeri e sua necessidade constante por trens, um dos maiores investimentos foi a criação dos serviços paradores Bangu e Campo Grande, de modo a conquistar passageiros do ramal Deodoro.

Em meados de 2010 a Supervia, para dinamizar e melhorar a sua operação no ramal Deodoro em horários de vale, extingue o Campo Grande e coloca somente o Bangu. Houve melhora na operação, uma vez que os intervalos ficaram regulares e o Campo Grande não atrapalhava assim o carrossel da linha.Ficando o Campo Grande restrito ao horário de pico, e mesmo assim com poucos horários, a circulação era regular, e não haviam tantos problemas. Mas, numa atitude reversa, há duas semanas a Supervia reaviva o Campo Grande do vale, e praticamente acaba com o Bangu nessa faixa de horário entre 9:30 e 16:30. No horário de rush não é muito diferente, poucos horários para Bangu, obrigando a usuários a se conformarem com o Campo Grande.

Séries 500(procedente de Santa Cruz) e 2005 em Bangu: A operação mais próxima do ideal.

Qual a relação do título deste post com isso tudo? Os problemas que essa operação vem causando. Primeiramente os dados mais técnicos: a quilometragem que uma unidade faz o trecho Deodoro-Central é de 23km, somando as duas "pernas" a unidade faz 46km ida e volta. A unidade que vai até Bangu faz 31km, somando as mesmas duas "pernas" são 62km. Uma unidade que faz o serviço Campo Grande faz 41km numa só "perna", somando 82km para ir e voltar a Central do Brasil. Ou seja, a quilometragem do mesmo é equivalente a duas viagens de uma unidade no ramal Deodoro, no fluxo e no contra-fluxo do horário de rush.

Série 500 com destino a Santa Cruz: Raro e cheio nos horários de maior movimento...

Isso se traduz também no tempo de viagem das unidades. Tempo é fundamental para a operação do sistema inteiro, refletindo no "carrossel". Como parador, um trem para Campo Grande faz sua viagem em 65 a 70 minutos. Já uma unidade que vai para Deodoro faz em 40 minutos. já para Bangu entre 45 e 50 minutos. A agilidade é essencial principalmente em horário de pico. Não precisa nem dizer quem fará mais viagens no horário de rush. Mais recentemente, numa forma de reduzir esse tempo de viagem, a Supervia decidiu colocar os trens para Campo Grande descendo como diretos de volta para a Central. A redução no entanto é mínima, e demonstra um certo esforço da Supervia em demonstrar a "utilidade" do serviço. 

Unidade 8009 com destino a Bangu, em abril de 2012: Cena rara atualmente...

Para o usuário, isso só representa uma coisa: Lotação maior. Os usuários preferem a viagem num trem para Campo Grande nas estações - para quem vai desembarcar após C.Grande opta o mesmo geralmente por ficar mais próxima da estação de destino e assim reduzindo a viagem no 2° trem, causando maior tempo de parada, espera nas estações e formando "buracos" entre os trens paradores no ramal Deodoro. Além disso, traz um problema maior: a operação do Santa Cruz fica bastante prejudicada. É um fato que as partidas de/para Campo Grande tiram horários que poderiam otimizar ou os paradores ou o Santa Cruz. Mais do que isso, a falta de horários para atender o Santa Cruz é mais do que evidente no horário de rush, quando ocorrem 2 partidas para Japeri a cada partida para Santa Cruz.

Série 9000 com destino a Santa Cruz: Poucos trens sobram para a operação dele.

Claro que há de se buscar comodidade, mas da maneira que este serviço é operado, não há vantagens de mantê-la. Maior parte da demanda que usa este serviço foge da lotação do Santa Cruz causada pela existência do mesmo, já que se os intervalos do Santa Cruz fossem menores e regulares não justificaria a presença do mesmo. Para os paradores a lógica é semelhante, a regularidade de mais horários para Bangu junto com uma sincronia na operação que privilegiasse o menor tempo possível de espera nas estações de transferência para o trem com destino Santa Cruz. 

Unidade 3013 em Deodoro: Apesar de muitos chineses estarem operacionais, o problema continua para quem depende dos trens que vão para Santa Cruz.

Em nada adianta colocar todos os chineses operando nos serviços para Deodoro e decepcionar os usuários empurrando-os para unidades cheias nos serviços de Campo Grande e Santa Cruz. Mesmo que coloquem trens de ar no Campo Grande(o que por si só já é algo difícil dada a necessidade por unidades de 4 carros no Belford Roxo e com 8 carros nos outros ramais), não fará diferença, pois a falta de comodidade continuará lá presente. Com unidades de 8 carros seria menos incômodo e até melhor para manter a operação do ramal, mas claro a frota teria que ser maior para que a colocação dessas unidades sem que interferisse na operação dos outros ramais.Para quem deseja dinamizar a operação e torná-la como um sistema metroviário, a Supervia ainda precisa rever a sua operação atual, principalmente no ramal que vem sendo o "carro-chefe" das melhorias no sistema.


Agradecimento: Gustavo Rubro(Primeira foto do post), Thiago Matarazzo(informações acerca do tempo de viagem).

3 comentários:

Victor A Silva disse...

Existe uma perspeciva de aumento de frota. Se finalmente a supervia decidir incorporar os trens novos antes de desativar os antigos, durante algum tmpo haverá unidades extras a disposição.
Devido as limitação da sinalização, operar trens tão maiores quanto possível é o melhor, nese caso vale a pena investir no C.Grande ao invés do Bangu pois no C. Grande é possível colocar trens maiores mesmo e absorver boa parte da demanda do sta Cruz, bastando a superia disponibilizar algumas unidades a mais para compensar o aumento do percurso sem aumentar o intervalo

André Vasconcellos disse...

O problema é que ela não faz nem um nem outro: Não coloca trens grandes no C.Grande nem experimenta priorizar a operação do Santa Cruz. E outra: a demanda do Campo Grande é de gente que evita sua lotação, ou seja, vai até Campo Grande nele para fazer transferência para o Santa Cruz, onde o trem estará mais vazio. Mais simples melhorar a operação do S.Cruz e reduzir seus intervalos a 6 minutos(que, na mescla com os diretos proc. de Japeri dariam 3 minutos de intervalo no trecho Deodoro-Central) pois é mais do que provado que os 12 a 15 minutos atuais não suprem a demanda, tampouco o C.Grande ameniza.

Victor A Silva disse...

É verdade, o problema é que hoje nem a sinalização, nem a rde aérea, nem os trens são confiáveis o suficiente para operarem com intervalos regulares de 6 minutos. pelo que percebi o menor intervalo que se consegui operar os trens regularmente na supervia foi de 10 min.